MVP's Lounge #30 - E.U.A. vs U.E. :: Nunca Antes Visto
MVP's Lounge #30 - E.U.A. vs U.E.
Escrito por: Hugo Pais
Depois dos meus textos sobre Sociologia (este e este), abordo hoje um tema da Economia, depois da "piadinha" Snack de ontem. Portanto, aí vem algo que se uma ou duas pessoas lerem, já fico contente, e em que cada comentário é um milagre!



Foi preciso chegar ao segundo semestre, do segundo ano (já com metade do curso feito, portanto), para começar a aprender nas aulas algo mais prático sobre a economia global, depois de tantas cadeiras de pura teoria económica. Nesta cadeira (opcional, por sinal), Contas Nacionais, aprende-se a leitura da contabilidade das administrações públicas, com o tratamento e interpretação de vários dados económicos.

Mas feita esta introdução, passemos ao que interessa: um texto que estudei recentemente nesta cadeira. O meu professor fala-nos muita vezes da economia dos Estados Unidos, devido ao aspecto singular que esta desempenha na economia global. Não é só o país mais rico do mundo, mas tem também um papel importantíssimo no funcionamento de várias componentes da economia global. Mas já chega de tentar passar por erudito no assunto, e passar ao que interessa, o tema do texto.

Neste texto, era afirmado, que sem margem para dúvida, que o Produto Interno Bruto per capita (PIBpc) (meio mais utilizado para comparações de riqueza entre os países) dos E.U.A. era em superior ao da União Europeia, aliás, até dizia o valor relativo: é superior em 50%. Mas... 50%??? Este valor não vos é estranho? Ok que os Americanos vivem um pouco melhores que nós, mas daí até ao valor de 50%... É isso que este texto explicava. A conclusão final, é de que efectivamente nos E.U.A. há maior riqueza que na U.E., mas são realidades diferentes, e a diferença não é esta de que o PIBpc nos quer fazer passar. Vamos lá então a fazer a enumeração dos factos:



-Primeiro, o indicador é per capita, ou seja, é a Produção a dividir pela população total, e por isso o valor é uma média. Isso quer dizer que, se o valor for de, por exemplo, 10000, quer dizer que por cada pessoa com 20000, pode haver uma com 0 (mas não é isso que acontece, não se assutem). Ora, estamos a falar de um país como os E.U.A., país do Silicon Valley, do Bill Gates, de Hollywood, etc, etc. Imaginam o número de pobres que existem na América para compensarem tanta riqueza concentrada? E na Europa é ao contrário: países como Portugal, Grécia, e grande parte dos países que recentemente aderiram à UE, entre outros, puxam o PIBpc da UE para baixo. Se compararmos o PIBpc dos EUA com o de países como a França, Holanda, Luxemburgo, sozinhos, a situação inverte-se.



-De seguida, temos que ter em conta aquilo que é contabilizado no PIB. Há várias coisas que aumentam o PIB dos EUA, mas aumentarão o seu bem-estar? Ora vamos lá ver. Os EUA são um país de clima extremo: muito frio no Inverno, muito calor no Verão. Posto isto, têm que gastar muito mais dinheiro em aquecedores e em refrigeração que na UE. A criminalidade é muito mais alta na América, que na Europa, logo os seus gastos em prisões são muito superiores. Tudo isto contribui para o PIB, nada disto aumenta o bem-estar, pelo menos na minha opinião e na de muita gente. Mas há mais casos: as cidades europeias são compactas. As americanas não, são gigantescas e com periferias enormes, numa extensão enorme, que cria grandes metrópoles. Ora, na Europa há um incentivo muito superior ao uso de transportes públicos, já na América, parece que por lá é perfeitamente normal viagens de ida e volta para casa de uma hora cada, todos os dias. Os gastos em combustível e auto-estradas, bem como em tempo, é assim muito superior na América. Para não falar de, como sabe quem acompanha séries como Scrubs, ou Anatomia de Grey, como funciona o Sistema de Saúde na América, 0u o facto de uma maior protecção à diversificação de produtos na Europa (basicamente, nos centros comerciais da América, encontram pouca variedade do mesmo produto, com grande concentração de marcas). Acho que fica assim esclarecido que produção não é tudo, e o bem-estar tem um papel bem relevante, embora difícil de calcular, na comparação entre estes dois espaços;



-Depois, temos o factor trabalho. Claro que, quem trabalhar mais, produz mais. E é isso que acontece na América, onde se ganham férias por trabalhar X tempo. Na Europa, ter férias todos os anos é um dado adquirido, bem como os sindicatos sempre a pressionar o governo, as 8 horas diárias/35 horas semanais, entre outras regalias, que nem sempre ocorrem na América. Resultado: americanos com contas bancárias recheadas, mas sem tempo para usufruir delas (e já agora, permitam-me que acrescente, isto também é bem capaz de ser o factor daqueles miúdos ricos e mimados, sem qualquer controlo dos pais, que podem esvaziar lojas e passar tardes nos supermercados, que vemos nas séries e filmes americanos). Por outro lado, tem também que ser valorizado o tempo livre que os Europeus têm, como aumento do seu bem-estar.



Por isso fica a questão, onde realmente se vive melhor. O texto diz que, todos estes dados pesados (como já disse, é difícil medir o bem-estar, este é simplesmente estimado), a América ainda tem um PIBpc superior ao da UE, mas já não pelos valores de acima, sendo por uma margem bem menor...



Bem, espero ter conseguido explanar as coisas o mais simples possível, qualquer dúvida a zona de comentários serve para isso mesmo. Até à próxima!


PS: Também eu me vou ausentar, mais precisamente entre a próxima quinta e domingo, pelo que o blog ficará sem administradores. Peço a compreensão de toda a gente por algo que corra menos bem, bem como peço a todos os membros do Naviv que ainda andam por aí a fazerem um esforço extra nesta altura.

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Blogger Fuckin' Rose argumenta de forma nunca antes vista, dizendo...
USA USA USA USA!!! Always better than the others.

PS: eu sou administrador xD
30 de março de 2009 às 00:15  
Blogger Hugo Pais argumenta de forma nunca antes vista, dizendo...
Ah, pois é, esqueci-me de ti loool
Mas tbm tens andado desaparecido, a culpa não é minha --'
Vê lá se tomas conta do barco :P

E já agora, penso ter sido faccioso o suficiente para se perceber que estava a defender a Europa, com o seu sistema de saúde (Que não é perfeito, mas sempre o ach melhor que o Americano), a sua baixa criminalidade, as suas regalias no trabalho, etc...
30 de março de 2009 às 00:46  
Anonymous XY argumenta de forma nunca antes vista, dizendo...
O "Quem é Quem" vai parar? :p
30 de março de 2009 às 00:57  
Blogger Hugo Pais argumenta de forma nunca antes vista, dizendo...
Nesses dias, sim
30 de março de 2009 às 01:08  
Blogger Gandhy argumenta de forma nunca antes vista, dizendo...
Os USA são um caso estranho em comparação com a Europa. A sua forma de vida e os seus ideia têm parecenças com os Europeus, mas por outro lado, têm grandes diferenças. Ou seja, só o facto de serem "Estados Unidos" e não uma União (económica e política) como acontece na grande parte da Europa, cria toda a diferença.

Tanto Americanos como Europeus defendem um sistema parecido (e não idêntico) em termos democráticos. Os sistemas são parecidos pelo facto de ser o povo a escolher os orgãos de soberania através do voto, mas diferem na sua estrutura organizacional. Enquanto que na Europa existe um pouco de tudo, com especial incidência nas Republicas Parlamentares (ou seja, temos Monarquias e sistemas federalistas). Nos USA eles funcionam num sistema federalista, com especial incidência no Presidente. Olhando para as diferenças, nos USA não existe a figura de Primeiro Ministro, assente numa maioria (relativa ou absoluta em termos parlamentares), além de os seus Estados terem os seus Governadores, em muito autónomos em relação ao poder central. Daqui que existem leis diferentes em Estados diferentes, como por exemplo a pena de morte.

Mas não divagando tanto como o estou a fazer, na Europa aos poucos os governantes (alguns) estão a tentar implantar um sistema em tudo idêntico ao Norte Americano, passando de uma mera "União Europeia" para uns "Estados Unidos da Europa", com a figura de um Presidente Europeu, e um Governo Europeu. Em parte o Tratado de Lisboa dava passos importantes nesse sentido, e por isso, muito cobardemente na maioria dos casos foi ratificado por decisão Parlamentar. Esse passo, não será possível, pelo menos a curto passo, dado as grandes diferenças entre povos europeus, a todos os níveis, desde sociais a económicos e culturais.

Nós Europeus somos diferentes de País para País, de Estado para Estado, nos USA apesar de essas diferenças existirem, são unidos por um sentido nacionalista global, algo que nós Europeus não temos. Acima de tudo, somos Portugueses, Espanhóis, Franceses, Italianos, e por ai em diante. Eles no fundo não têm raça, são uma mistura de raças.

Depois, nos USA o sentido da competitividade é imposto desde cedo. Eles competem entre si como poucos. Por exemplo, em termos desportivos é um reflexo dessa competição. A "luta" entre colégios é muito intensa, e esse espírito é cedo imposto aos membros que constituem a sociedade global. Dai eles tornam-se muito, mas mesmo muito competitivos. Depois, a ideliologia em que assenta todo o País, na questão do "Sonho Americano" ou o "American Dream". A boa casa, o bom carro, a mulher estimada em casa, o milhão na conta bancária, etc. Por isso, a questão do "show time" é muito apreciada nos USA. Eles gostam de promover tudo à grande e à Americana. Por exemplo, um vendedor, seja de automóveis, seja de casas, tem de ter uma aparência de sucesso. Necessita de mostrar "luxo", para atrair clientes. Necessita de mostrar sucesso. O sistema de saúde Norte Americano é um horror, do pior que existe. Infelizmente, enquanto eles o tentam mudar para um sistema à Europeia, sustentado por entidades publicas, na Europa, em especial em Portugal, caminha-se no sentido inverso, no maior peso do sistema privado. Depois, meus caros, quem não tem dinheiro, não se safa!!! De realçar que o "American Dream" é em parte o grande responsável pela falência do sistema Norte Americano que está a arrastar o Mundo.

Ou seja, viva a Europa. Viva a cultura, viva a diferença, cultural, política, desportiva e religiosa.
30 de março de 2009 às 15:14  
Blogger Hugo Pais argumenta de forma nunca antes vista, dizendo...
Muito obrigado pelo teu comentario Gandhy, um excelente complemento ao meu texto (visto apenas me ter focado no assunto do PIBpc).
30 de março de 2009 às 15:57  
Anonymous juanolla argumenta de forma nunca antes vista, dizendo...
Muito instrutivo, tks.
30 de março de 2009 às 21:55