Raúl Castro sucede, a partir de hoje, ao seu irmão Fidel na chefia do Estado cubano, cargo que este ocupou durante 49 anos. A passagem de testemunho foi oficilizada pela Assembleia Nacional do Poder Popular que esta tarde votou uma lista única proposta pela cúpula do regime.
O novo Presidente foi aplaudido de pé, assim que o presidente da assembleia, Ricardo Alarcón, terminou de ler os 31 nomes que vão integrar o Conselho de Estado, o órgão máximo do regime comunista, que passará a ser liderado pelo mais novo dos irmãos Castro.
Aos 76 anos, Raúl Castro, que viveu na sombra do irmão desde a revolução de 1959, assume em definitivo um cargo que garantia de forma interina desde Julho de 2006, quando Fidel foi obrigado a afastar-se da ribalta política para ser submetido a várias cirurgias destinadas a estancar uma hemorragia abdominal.
Contando com o apoio de Fidel, Raúl era apontado como o candidato mais provável para lhe suceder, ainda que algumas fontes admitissem que a escolha recairia na geração mais “jovem” do regime, sendo os nomes mais falados os de Carlos Lage, o “primeiro-ministro” de facto, ou de Felipe Perez Roque, actual chefe da diplomacia cubana.
A única surpresa da tarde acabou, assim, por ser a escolha para a vice-presidência de José Ramón Machado, de 77 anos, um dos mais ortodoxos ideólogos do partido comunista cubano. Machado deverá servir como controlador das modestas reformas económicas que se espera venham a ser adoptadas por Raúl Castro.
Raúl vai consultar Fidel nas principais questões
A transição na continuidade – desejada por Fidel e temida pela oposição – ficou patente logo na primeira intervenção do novo Presidente. Raúl Castro anunciou que vai "assumir a responsabilidade" pela governação do país, mas garantiu que vai "consultar" o líder histórico nas principais decisões.
"Assumo a responsabilidade que me foi confiada com a convicção de que o comandante-chefe da revolução cubana é único, Fidel é Fidel e como todos sabemos, Fidel é insubstituível", declarou Raúl, prontamente ovacionado pelos deputados.
"Solicito, por isso, a esta assembleia, como órgão supremo do Estado, que nas decisões de grande importância para o destino da nação, sobretudo as ligadas à defesa, política estrangeira e ao desenvolvimento económico do país, me seja permitido" consultar Fidel, acrescentou.